27/11/2007

NO CÉU, UM AMIGO, UM HERÓI.


"Desde o dia que compareci ao enterro do policial Eduardo, ou “Dudu”, como era chamado pelos amigos, tenho aos poucos conhecido um pouco mais sobre ele. E a pessoa que descubro é alguém muito especial. O Dudu participava de um grupo de atletas amadores, com os quais corria, era advogado e poderia ter uma carreira de sucesso nesta área, porém quando lhe diziam para deixar a polícia civil, ele sempre respondia que amava o que fazia e continuaria na polícia. Amava tanto seu trabalho, que mesmo de folga, ao saber que um oficial da justiça corria perigo, se disponibilizou a abandonar seu descanso e ir auxiliar no resgate. Vi fotos do Eduardo e só de olhá-las, a gente vê que era do Bem, sorridente ao lado de amigos, ao lado da namorada, praticando esportes, fazendo rapel, fazendo curso com a SWAT (Special Weapons and Tatics). Se estivesse nos EUA, na SWAT, o Eduardo seria tratado como herói. Aqui no Rio não é assim.
Ontem eu fui à missa em memória do Eduardo onde estavam presentes seus amigos, sua mãe e familiares e seus companheiros de trabalho. A igreja Nossa Senhora do Carmo, na Primeiro de Março, onde aconteceu a missa, no horário do almoço, fica bem em frente a Alerj e nada distante da OAB. Onde estavam os deputados que não puderam simplesmente atravessar a rua e homenagear UM SER HUMANO que perdeu sua vida no exercício de sua função, a serviço do Estado do Rio de Janeiro, a serviço da população? Homenageando o Eduardo, estariam homenageando os policiais no Rio de Janeiro, como a Ludmilla, o Emílio Dib e incontáveis outros. Ao cobrarmos uma polícia melhor, temos que começar por apoiar os bons policiais, os que lutam e até morrem por sua profissão e que merecem um tratamento respeitoso.
Quero abrir espaço aqui, para as palavras do celebrante da missa.
O padre Milton Campos, capelão da Aeronáutica, falando aos presentes disse o que me parece ser um sentimento quase que coletivo. Ele pediu que se fizesse, de forma prática e à curto prazo, algo além de reuniões e mais reuniões, pois entra ano e sai ano, se fazem muitas reuniões, seminários, estudos, mas não se resolve concretamente nada e depois se manda o policial para a rua, em condições precárias de trabalho para ser morto. Ele então perguntou se sabemos quantos policiais já tinham morrido nesta semana, em serviço pois os números deles mortos numa guerra “não declarada”, certamente é superior aos de países que estão declaradamente em guerra. Outra pergunta que ecoou pela igreja foi o de quanto se gasta para aparelhar a polícia e dar melhores condições de trabalho e treinamento. Lembrou que vemos nos jornais gastos diversos, gastos elevados para isso e para aquilo. Mas quanto se gasta para melhorar a polícia que nos serve?
Padre Milton nos conclamou à ação, que não aceitássemos a violência como “coisa normal”, E QUE SE A GENTE NÃO FIZER ALGUMA COISA, CASO A GENTE SÓ FIQUE CALADO vamos ter que aceitar tudo o que está aí, “vamos continuar morrendo como gado indo para o matadouro, um dia um, outro dia outro”. Pediu que olhássemos com carinho para a polícia e para nossos policiais, pois entre eles existem inúmeras pessoas de bem, como o Eduardo e que os policiais também são seres humanos, mas pouco se fala dos direitos dos policiais e de suas famílias. Quantas mães de policiais são ouvidas na TV sobre suas dores e seus sofrimentos quando seus filhos são mortos, no cumprimento de suas funções, verdadeiros guerreiros dessa “guerra” cotidiana? E citou um trecho de uma música cantada por Gonzaguinha, que esteve na minha cabeça durante todo o enterro do Eduardo: “Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis (...) Precisam de um sonho que os tornem refeitos. Um homem se humilha Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida e a vida é trabalho. E sem o seu trabalho, um homem não tem honra, e sem a sua honra, se morre, se mata”.
Política de Segurança pública séria e de qualidade passa por reformulações no tratamento dispensado aos nossos policiais, passa por reformulações na nossa forma cotidiana de ação."

9 comentários:

Unknown disse...

O Dudu com certeza tem um espírito de luz, pois brilhou na vida de todos por quem ele passou, independente do tempo de contato. Tive muita sorte por ter passado os últimos meses da vida dele ao seu lado, tendo convívio diário, recebendo seus carinhos e aprendendo muito.
Ele sempre foi maravilhoso em tudo o que fazia. Foi um grande amigo, um namorado carinhoso e companheiro, um homem honesto, íntegro, conselheiro, divertido, dedicado, inteligente, lindo…enfim, são inúmeras as qualidades, mas o principal é que ele foi herói de verdade!
Me disseram que “quando uma pessoa nasce, enquanto todos estão sorrindo, ela chora, e quando uma pessoa morre, enquanto todos choram, ela sorri.” E é bom acreditar nisto, pois pensar no lindo sorriso do Dudu nos conforta.
Todos os dias rezo pra ele e peço a Deus para que acalme nossos corações. Se Deus o chamou é porque ele tem trabalho a fazer no céu e com certeza ele fará coisas maravilhosas no plano espiritual também, assim como sempre fez na Terra.
Ele sempre me dizia pra eu não me preocupar com ele quando ele se machucava e nem com o trabalho dele porque ele tinha super-poderes e tudo sempre iria acabar bem. E é por isso que eu tenho certeza de que ele está bem agora, é isso que tem me dado forças pra continuar vivendo e lutando por melhorias.
Sei que todos estão sofrendo muito também, afinal o Dudu era extremamente carismático e tinha muitos amigos. Fazia amigo onde quer que ele fosse!
Mas precisamos colocar em prática os ensinamentos que ele nos passou, e uma das lições que aprendi com ele foi a amar a vida e ao próximo, lutando para fazer um mundo melhor.
Fiquem com Deus
Beijos,
Lêda Gonçalves

Unknown disse...

Eu não conhecia o Eduardo...,mas essa música, agora, traduz p/ mim pelo o que eu vejo dos sentimentos dos seus amigos por ele...


É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de vcê
Que acabou indo embora
Cedo demais

Quando eu lhe dizia
-Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada
Vcê sorriu e disse:
-Eu gosto de vcê também

Só que vcê foi embora cedo demais
Eu continuo aqui
com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de vcê em dias assim
Um dia de chuva um dia de sol
E o que eu sinto não sei dizer

_Vai com os anjos vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade até a próxima vez

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de vcê
E de tanta gente que se foi
Cedo demais

E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quiz
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre, mas eu sei
QUE VCÊ ESTÁ BEM AGORA
E SÓ QUE ESTE ANO
O VERÃO ACABOU
CEDO DEMAIS

RENATO RUSSO

Unknown disse...

Acho que, de tudo que ouvi, desde esse fatídico 09NOV até hoje, o que sintetiza tudo e que não vou esquecer jamais, foram as palavras do amigo Dico no momento do velório. Foi mais ou menos assim: "Ontem, naquele hospital, todos nós esperávamos e rezávamos por um milagre. E esse milagre não aconteceu. Na verdade a imensa dor que sentíamos não nos deixou perceber que o verdadeiro milagre aconteceu no dia em que o DUDU nasceu e Deus nos deu a oportunidade de conviver com ele. E com ele sorrir e aprender."
E é isso que não podemos deixar de fazer. O exemplo que ele deixou perpetuará pra sempre em nossos corações. O exemplo do amor pela vida, pelos amigos, pelo trabalho, por tudo que fazia, pela natureza, pelos animais... O exemplo da honestidade, de sempre fazer as coisas certas, de estar pronto pra ajudar quem fosse a hora que fosse...
E como disse o Gui, neste mesmo dia: "Nós o queríamos ao nosso lado, mas Deus também quer os bons ao seu lado." E é verdade. Com certeza Deus ganhou mais um integrante para sua Tropa de Elite!!!

Anônimo disse...

A cada dia admiro mais a pessoa de Dudu que, infelizmente não pude conhecer no entanto, tenho orgulho de ter tido um policial honrado, íntegro, apaixonado por sua sua profissão defendo a nossa tão amada e maltratada Cidade Maravilhosa. Obrigada, Dudu !

Anônimo disse...

Tive pouco contato com Dudu, mas foi o bastante para perceber a pessoa maravilhosa que ele era, amigo e muito querido por todos. Fico feliz por o ter conhecido e lembrarei dele com muito carinho e muitas saudades.

Anônimo disse...

A morte do Dudu foi um trágico acontecimento que me chocou, principalmente no seu enterro. O cemitério estava lotado, mas lotado por amigos, familiares e até mesmo deputado. O fato mais gravoso é que eu não vi em momento algum nenhum representante dos Direitos Humanos, bem como nenhuma declaração em rede nacional da OAB. Isso me preocupa, pois só mostra a total inversão de valores que reina na sociedade.
Semanas antes de sua morte, Dudu fez um excelente trabalho, matando dois bandidos armados que atiram em seus colegas.
Foi fortemente criticado, mas fortemente heróico. Mandou os meliantes para o quinto dos infernos, abraçar o capeta e semanas depois, como recompensa, foi para o paraíso, abraçar Deus.
Quer dizer que bandidos, podem matar policiais, mas policias não podem matar bandidos?
Passeando pela internet, no dia da morte, inconformada com a ausência de solidariedade e procurando alguma declaração, acabei achando uma reportagem, muito bem feita pela repórter Mônica Reis, da qual faço delas as minhas palavras.

"A vida em defesa do nosso direito de viver sem a ditadura dos traficantes.
Os amigos emocionados em fila na entrada do cemitério, o toque solitário de um sino, o sobrevôo de um helicóptero lançando pétalas de rosas, uma salva de tiros e muitas lágrimas. Foi assim o enterro de Eduardo Henrique Mattos.
Os representantes de entidades que “defendem” os direitos humanos, cobram que os policiais atuem dentro da lei e em defesa da lei. Quando foi morto o policial Eduardo não estava “metendo o pé na porta” de nenhum morador, não estava abusando de autoridade, não estava “capitão-nascimentando” bandidos. Estava exatamente defendendo a Lei, a Justiça, o Direito. Lutava para que uma ordem judicial fosse cumprida e que um oficial de justiça saísse com vida de um local onde pelo visto não há liberdade, não há permissão para a entrada do poder público, onde um representante da Justiça não pôde entrar livremente. Eduardo estava defendendo o cumprimento do que deve ser cumprido: a lei.
Mas entidades “defensoras” dos Direitos Humanos não estavam presentes. Não vi por lá representantes da OAB, não vi o Viva Rio agitando bandeiras brancas, não vi o estrangeiro Philip Alston, e com exceção do Movimento Gabriela Sou da Paz, que apóia vítimas da violência, não vi nenhuma ONG presente. Estavam presentes o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame; o chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro; o delegado-titular da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), Rodrigo Teixeira [que foi ferido na operação da Favela da Coréia], o deputado Flávio Bolsonaro e numerosos amigos do policial, entre eles seus companheiros da Core, a tropa de elite da Policia Civil. Chamou a minha atenção a presença dos policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), da PM, que se solidarizavam com a dor dos familiares.
Todos os policiais sabem que o perigo e o risco de morte são elementos intrínsecos à função. Mas isso não diminui em nada a dor pela morte de Eduardo. Não preenche o vazio deixado por um policial que desejava apenas fazer o seu trabalho com excelência (ele possuía diversos cursos de operações táticas como o da Swat). Hoje no Rio de Janeiro temos menos um filho amoroso, menos um grande amigo de seus colegas de trabalho, menos um valoroso e bem treinado policial. Porém, hoje no Rio temos mais um exemplo de cidadão-policial que não temeu oferecer a própria vida em defesa de um dos verdadeiros direitos humanos: viver dignamente, em liberdade, fora do jugo dos bandidos. Eduardo, esteja em Paz, a nossa tão sonhada paz."

Registro a minha solidariedade e deixo meus últimos recados para:

familiares - a dor é grande, mas não se pode entregar. Lembrem-se que o Dudu nunca fraquejou e, por ele, faremos o mesmo.

amigos e companheiros de trabalho de Dudu - vocês serão sempre muito criticados, mas nem por isso deixarão de ser heróis. Fiquem certos de que o trabalho de vocês será sempre reconhecido, nem que seja pela uma minoria, mas que não se calará nunca.

Unknown disse...

dudu meu brother meu amigo te conhecia a pouco tempo mas ja dava para observa a pessoa maravilhosa que vc era por dentro ainda tava crescendo masi deus sabe oque faz ...agora ai de cima hore por nois e vijie nossa paz..que deus esteja com vc seja qual for olugar nunca esquecerei de vc e vou seguir seus concelhos vou ajudar a nao mudar o rio de janeiro mas sim fazer a minha parte ..abrasaum fica com deus!!

mardos disse...

Quem dera que a morte do Dudu podesse ser evitada,mas agora como fato consumado que service tambem para acabar com o exterminio de centenas de inocentes desfavorecidos sociais, que acontece todos os dias nesta luta sem fim, aonde cada dia mães e pais indiferente de classes, cargos ou posição social perdem filhos, nesta guerra sem sentido baseada em impocrisia das autoridades politicas que com toda esta batalha desviam olhares da corrupição e da incompetencia de nossos politicos.
Mardos

Unknown disse...

QUE ESTEJE GUARDANDO SUA ALMA NO CEU,,,,
GUERREIROS NÃO MORREM JAMAIS.....
(
MORTE AOS ASSASINOS)