30/11/2007

MANIFESTAÇÃO FORTE DE COPACABANA.

" Eu sei que não vou conseguir mudar o mundo, mas estou fazendo a minha parte" (Dudu Demoro).

Faça você também sua parte. Participe !

"Quem se omite consente!"

27/11/2007

NO CÉU, UM AMIGO, UM HERÓI.


"Desde o dia que compareci ao enterro do policial Eduardo, ou “Dudu”, como era chamado pelos amigos, tenho aos poucos conhecido um pouco mais sobre ele. E a pessoa que descubro é alguém muito especial. O Dudu participava de um grupo de atletas amadores, com os quais corria, era advogado e poderia ter uma carreira de sucesso nesta área, porém quando lhe diziam para deixar a polícia civil, ele sempre respondia que amava o que fazia e continuaria na polícia. Amava tanto seu trabalho, que mesmo de folga, ao saber que um oficial da justiça corria perigo, se disponibilizou a abandonar seu descanso e ir auxiliar no resgate. Vi fotos do Eduardo e só de olhá-las, a gente vê que era do Bem, sorridente ao lado de amigos, ao lado da namorada, praticando esportes, fazendo rapel, fazendo curso com a SWAT (Special Weapons and Tatics). Se estivesse nos EUA, na SWAT, o Eduardo seria tratado como herói. Aqui no Rio não é assim.
Ontem eu fui à missa em memória do Eduardo onde estavam presentes seus amigos, sua mãe e familiares e seus companheiros de trabalho. A igreja Nossa Senhora do Carmo, na Primeiro de Março, onde aconteceu a missa, no horário do almoço, fica bem em frente a Alerj e nada distante da OAB. Onde estavam os deputados que não puderam simplesmente atravessar a rua e homenagear UM SER HUMANO que perdeu sua vida no exercício de sua função, a serviço do Estado do Rio de Janeiro, a serviço da população? Homenageando o Eduardo, estariam homenageando os policiais no Rio de Janeiro, como a Ludmilla, o Emílio Dib e incontáveis outros. Ao cobrarmos uma polícia melhor, temos que começar por apoiar os bons policiais, os que lutam e até morrem por sua profissão e que merecem um tratamento respeitoso.
Quero abrir espaço aqui, para as palavras do celebrante da missa.
O padre Milton Campos, capelão da Aeronáutica, falando aos presentes disse o que me parece ser um sentimento quase que coletivo. Ele pediu que se fizesse, de forma prática e à curto prazo, algo além de reuniões e mais reuniões, pois entra ano e sai ano, se fazem muitas reuniões, seminários, estudos, mas não se resolve concretamente nada e depois se manda o policial para a rua, em condições precárias de trabalho para ser morto. Ele então perguntou se sabemos quantos policiais já tinham morrido nesta semana, em serviço pois os números deles mortos numa guerra “não declarada”, certamente é superior aos de países que estão declaradamente em guerra. Outra pergunta que ecoou pela igreja foi o de quanto se gasta para aparelhar a polícia e dar melhores condições de trabalho e treinamento. Lembrou que vemos nos jornais gastos diversos, gastos elevados para isso e para aquilo. Mas quanto se gasta para melhorar a polícia que nos serve?
Padre Milton nos conclamou à ação, que não aceitássemos a violência como “coisa normal”, E QUE SE A GENTE NÃO FIZER ALGUMA COISA, CASO A GENTE SÓ FIQUE CALADO vamos ter que aceitar tudo o que está aí, “vamos continuar morrendo como gado indo para o matadouro, um dia um, outro dia outro”. Pediu que olhássemos com carinho para a polícia e para nossos policiais, pois entre eles existem inúmeras pessoas de bem, como o Eduardo e que os policiais também são seres humanos, mas pouco se fala dos direitos dos policiais e de suas famílias. Quantas mães de policiais são ouvidas na TV sobre suas dores e seus sofrimentos quando seus filhos são mortos, no cumprimento de suas funções, verdadeiros guerreiros dessa “guerra” cotidiana? E citou um trecho de uma música cantada por Gonzaguinha, que esteve na minha cabeça durante todo o enterro do Eduardo: “Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis (...) Precisam de um sonho que os tornem refeitos. Um homem se humilha Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida e a vida é trabalho. E sem o seu trabalho, um homem não tem honra, e sem a sua honra, se morre, se mata”.
Política de Segurança pública séria e de qualidade passa por reformulações no tratamento dispensado aos nossos policiais, passa por reformulações na nossa forma cotidiana de ação."